PÍLULA – Pendular

Pendular (idem, Júlia Murat, 2017)

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Júlia Murat, com seu trabalho vencedor no Festival de Berlim, exige com confiança um cinema maduro depois de sua consistente estreia em “Histórias Só Existem Quando Lembradas” – inegavelmente, um símbolo da produção feminina nacional.

Baseando-se na performance “Rest Energy” de Marina Abramovic e Ulay, a diretora desenha com corpos, formas e objetos a relação entre “ele” e “ela”, de cumplicidade arraigada e toques extremos e sensíveis.

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ANÁLISE PROFUNDA – Divinas Divas

Divinas Divas (idem, Leandra Leal, Brasil, 2016)

“Nós tínhamos mais espaço do que temos hoje.”

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Paetês, purpurina, glitter, vestidos com volumosos babados, batom e blush. Mulheres que enfrentaram a repressão ferroz da Ditadura e a alcunha de “anormais”, surgem unidas no primeiro trabalho da atriz Leandra Leal como diretora. Sensível em sua filmagem, contemplativa em seus planos, a realizadora compõe um retrato vivo das maiores performistas do país.

Brigitte de Búzios, Camille K, Divina Valéria, Eloína dos Leopardos, Fujika de Halliday, Jane Di Castro, Marquesa e Rogéria, precursoras do transformismo brasileiro, delineiam as nuances de suas lutas e resistência. O vestir, o maquiar, o montar: manifestos políticos diários.

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PÍLULA – COMPLICAÇÕES DO AMOR

Complicações do Amor (The One I Love, Charlie McDowell, 2014)

“Você está mais preocupada com as experiências que eu e o seu Ethan compartilhamos ou com o que eu sei sobre as experiências que você e meu Ethan compartilharam?”

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Chegar ao ponto no qual um relacionamento parece esgotado, livre de qualquer investimento e envolvimento, levam o casal Ethan e Sophie a uma casa no campo, longe do seu conturbado mundo.

A sugestão veio do terapeuta, após sessões de conselhos e uma prova final: ambos tentam, ao mesmo tempo, tocar notas que soem complementares em um piano. A falha é grande, o abismo entre os dois, palpável.

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PÍLULA – As Lágrimas Amargas de Petra von Kant

As Lágrimas Amargas de Petra von Kant (Die bitteren Tränen der Petra von Kant, Rainer Werner Fassbinder, 1972)

“Ser bom com empregados é um desperdício de tempo”

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A câmera cortante de Rainer Werner Fassbinder examina cuidadosamente o interior de suas personagens fortes e impactantes. Petra, Karim e Marlene, arquétipos das facetas femininas do diretor, com diálogos que humilham e enrijecem as relações construídas de forma precisa, impactam o espectador e o afastam de uma narrativa contagiosa.

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